Justificativa
Há sempre o não explicado,
a meia palavra,
o gesto não dado,
o nó na garganta,
que espanta o desejo em mim.
Foi bom
voar nas asas do sonho.
Abraçar teu corpo,
perder a consciência de mim,
depois...
(há sempre um depois)
o cheiro do chão:
sementes do passado
retalhado por mim.
Teus olhos:
esquilo acorrentado.
Teus passos:
tropeços
violentando
os atalhos da vida.
Atrás dos muros
nos encontramos,
em meio à grama
nos amamos.
E, amantes enamorados,
endoidamos.
Invertemos o verbo,
suspiramos desejo.
Estaremos sempre assim:
entre
o medo de morrer de amor
e o medo de matar o amor.
Mas, acima de tudo,
de todos,
do lodo,
nos amando, clandestinamente,
nos túneis cavados
da nossa loucura,
silenciosamente,
sorrateiramente,
até onde
nossas vidas alcançarem.
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